Maria Ménégaki
Arthur de Gobineau, diplomata, escultor e escritor francês, foi um dos mais talentosos escritores de cartas do século XIX. Deixou-nos uma rica correspondência com personalidades ilustres de toda a Europa, tanto no domínio da literatura como no das artes. Deste mar de cartas, enviadas de todos os lugares onde a sua carreira o levou, destaca-se uma série de 290 missivas dirigidas a duas mulheres atenienses pertencentes a uma família que desempenhou um papel importante na vida política e cultural da Grécia desde a sua constituição como Estado livre até aos nossos dias. Estas cartas são um testemunho vivo e directo de acontecimentos muito importantes que marcaram a história dos dois países. Revelam também uma faceta invisível do autor do Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, frequentemente acusado de racismo. Descobrimos um feminista antes da carta: defende a educação das raparigas e declara sem ambiguidades que as mulheres têm exactamente as mesmas qualidades que os homens; só as mulheres de valor lhe interessam, enquanto estimula constantemente os seus amigos a cultivarem os seus talentos, porque, aos seus olhos, o trabalho e a criação dão à vida o seu verdadeiro sentido.