José Carlos Martins
O Menino Amarrado ao Manacá é um daqueles livros que merecem ter sua leitura realizada de forma prazerosa como deve ser, degustando cada parágrafo e cada nova história com a mesma calma de uma refeição única. Acontecimentos nem sempre facilmente palatáveis, mas cujo gosto amargo também se faz aprazível, da mesma forma que na vida real. Sua narrativa em primeira pessoa é intimista e revela a profundidade psicológica do protagonista ao expor sua história de vida, como se fosse um inequívoco confessionário. A linguagem fluida, quase poética por vezes, recheada com regionalismos e alguns neologismos remete ao trabalho de grandes nomes da literatura. O aparente ambiente interiorano claustrofóbico é colocado em oposição a um mundo fechado das grandes cidades, pura ironia da vida. Sem dúvidas, trata-se de uma esplêndida conversa intimista, recheada de pequenas histórias e emoções que representam o uso das letras como representação do cotidiano. Trata-se enfim de uma obra que preza, sem dúvida, por conter a essência da literatura: ser a arte da palavra. (Nielson Ribeiro Modro, professor universitário, advogado, escritor e titular da Cadeira 12 da Academia Joinvilense de Letras.)